A febre amarela é uma doença infecciosa aguda, de curta duração (no máximo 10 dias), gravidade variável, causada pelo vírus da febre amarela, que ocorre na América do Sul e na África.
Qual o microrganismo envolvido?
O vírus RNA. Arbovírus do gênero Flavivirus, família Flaviviridae.
Quais os sintomas?
Os sintomas são: febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia (a pele e os olhos ficam amarelos) e hemorragias (de gengivas, nariz, estômago, intestino e urina).
Como se transmite?
A febre amarela é transmitida pela picada dos mosquitos transmissores infectados. A transmissão de pessoa para pessoa não existe.
Como tratar?
Não existe nada específico. O tratamento é apenas sintomático e requer cuidados na assistência ao paciente que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado. Nas formas graves, o paciente deve ser atendido numa Unidade de Terapia Intensiva. Se o paciente não receber assistência médica, ele pode morrer.
Como se prevenir?
A única forma de evitar a febre amarela silvestre é a vacinação contra a doença. A vacina é gratuita e está disponível nos postos de saúde em qualquer época do ano. Ela deve ser aplicada 10 dias antes da viagem para as áreas de risco de transmissão da doença. Pode ser aplicada a partir dos 9 meses e é válida por 10 anos. A vacina é contra-indicada a gestantes, imunodeprimidos (pessoas com o sistema imunológico debilitado) e pessoas alérgicas a gema de ovo.
A vacinação é indicada para todas as pessoas que vivem em áreas de risco para a doença (zona rural da Região Norte, Centro Oeste, estado do Maranhão, parte dos estados do Piauí, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), onde há casos da doença em humanos ou circulação do vírus entre animais (macacos).
A origem do vírus causador da febre amarela foi motivo de discussão e polêmica durante muito tempo, porém estudos recentes utilizando novas técnicas de biologia molecular comprovaram sua origem africana. O primeiro relato de epidemia de uma doença semelhante à febre amarela é de um manuscrito maia de 1648 em Yucatan, México. Na Europa, a febre amarela já havia se manifestado antes dos anos 1700, mas foi em 1730, na Península Ibérica, que se deu a primeira epidemia, causando a morte de 2.200 pessoas. Nos séculos XVIII e XIX os Estados Unidos foram acometidos repetidas vezes por epidemias devastadoras, para onde a doença era levada através de navios procedentes das índias Ocidentais e do Caribe.
No Brasil, a febre amarela apareceu pela primeira vez em Pernambuco, no ano de 1685, onde permaneceu durante 10 anos. A cidade de Salvador também foi atingida, onde causou cerca de 900 mortes durante os seis anos em que ali esteve. A realização de grandes campanhas de prevenção possibilitou o controle das epidemias, mantendo um período de silêncio epidemiológico por cerca de 150 anos no País.
A febre amarela apresenta dois ciclos epidemiológicos de acordo com o local de ocorrência e o a espécie de vetor (mosquito transmissor): urbano e silvestre. A última ocorrência de febre amarela urbana no Brasil, foi em 1942, no Acre. Hoje, ainda se teme a presença da febre amarela em áreas urbanas, especialmente depois do final da década de 70, quando o mosquito Aedes aegypti retornou ao Brasil.
O ciclo silvestre só foi identificado em 1932 e desde então surtos localizados acontecem nas áreas classificadas como áreas de risco: indene (estados do Acre, Amazonas, Pará, Roraima, Amapá, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Distrito Federal e Maranhão) e de transição (parte dos estados do Piauí, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).
No período de 1980 a 2004, foram confirmados 662 casos de febre amarela silvestre, com ocorrência de 339 óbitos, representando uma taxa de letalidade de 51% no período.
SITUAÇÃO EM 2017
Leia a reportagam de 31/01/2017
Fonte: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2017/01/aumentam-casos-de-febre-amarela-ja-e-o-pior-surto-registrado-no-brasil.html
Aumentam casos de febre amarela; já é o pior surto registrado no Brasil Foco da transmissão está no Espírito Santo e também em Minas Gerais. Preocupação da OMS é que a doença se espalhe para outros estados.
Os casos de febre amarela já superaram o pior ano da doença e, em menos de um mês, bateram o recorde histórico. O Ministério da Saúde atualizou os números e a situação pode ser ainda pior, porque as informações sobre o número de casos nos estados levam um dia para chegar ao ministério.
O foco da transmissão está no Espírito Santo e também em Minas Gerais. A preocupação da Organização Mundial de Saúde é que a doença se espalhe para outros estados, por causa de viagens, como as férias e o Carnaval.
Em Minas Gerais, pacientes continuam lotando postos de saúde para tomar a vacina contra febre amarela. O número de casos suspeitos chegou a 712 na segunda-feira (30), de acordo com a Secretaria de Saúde do estado e há 40 mortes confirmadas. Minas é o estado mais afetado do país.
Em São Paulo, o número de mortes subiu de três para seis. A Secretaria de Saúde disse que duas pessoas foram infectadas no interior do estado e as outras quatro ficaram doentes em viagem a Minas.
No Espírito Santo, há 30 casos sendo investigados. Em alguns postos de vacinação, foi preciso distribuir senha para atender tanta gente. Nas contas do Ministério da Saúde, o país já tem 107 casos confirmados da doença e 46 mortes. É o maior surto já registrado no país até hoje e o número pode ser ainda maior, porque o governo federal divulga os balanços com um dia de atraso em relação aos dados encaminhados pelos estados.
O Distrito Federal tinha seis casos suspeitos de febre amarela, mas todos já foram descartados. Essa é uma área com recomendação de vacina e, por isso, esse mês o Ministério da Saúde mandou um reforço: ao todo, 50 mil doses. O problema são algumas cidades goianas que ficam bem pertinho, na região entorno de Brasília, onde nem todo mundo está conseguindo encontrar a vacina.
Não tem vacina em Luziânia. Nem no Novo Gama, onde os postos de saúde estão em reforma. A secretaria está pedindo para as pessoas procurarem Brasília. Alega que ainda está treinando funcionários para aplicar a vacina.
Também está faltando em Itumbiara, que faz divisa com Minas Gerais. O governo de Goiás informou que o estoque vai ser reforçado em 80 mil doses, que só chegam no dia 6.
Na Bahia, onde há seis casos suspeitos, a preocupação com a febre amarela levou muita gente aos postos. Na capital, Salvador, que não é considerada área de risco, moradores procuram clinicas particulares. Caroline levou os dois filhos para tomar a vacina. Ela está preocupada com o Carnaval.
Exatamente por causa das viagens e também por conta do movimento de macacos infectados, a Organização Mundial da Saúde informou que novos casos devem ser detectados em outros estados do país, em áreas que antes não estavam com risco de transmissão.
O Ministério da Saúde informou que está reforçando o estoque de vacinas em 11,5 milhões de doses para estados que registram casos suspeitos e também para os que fazem divisa. Repetiu que todos os casos notificados até agora são do ciclo silvestre de transmissão e que o risco de urbanização da febre amarela é muito baixo.
A vacina é indicada apenas para moradores de áreas de risco e para quem vai viajar para esses locais. Mulheres grávidas, que estejam amamentando, e pessoas em tratamento com quimioterapia, radioterapia, não devem tomar a vacina.
O epidemiologista Pedro Luiz Tauil, professor da Universidade de Brasília, diz que o caminho agora é o que o governo está tomando: vacinar quem está em áreas de risco. Mas ele lembra que fora das épocas de surto, é preciso manter atenção redobrada no programa de vacinação, principalmente nos municípios que têm recomendação permanente da vacina e são menores, nem sempre mantêm um controle sobre a cobertura vacinal.
“O que eu estou defendendo hoje é que os municípios tenham também não só equipes fixas em centros de saúde, mas equipes móveis, volantes que possam atingir a população mais vulnerável. Qual é? A população que vive em área rural ou próxima de áreas rurais e que não demandam vacina em áreas urbanas”, afirmou o professor da UNB, Pedro Luiz Tauil.
Existe uma discussão na área médica, sem consenso, de que a vacina contra a febre amarela deveria ser incluída no calendário nacional de vacinação para imunizar todas as crianças do país, não apenas as que vivem em áreas de risco. Isso para evitar que a doença se espalhe.
Mais informações: Ministério da Saúde